domingo, 5 de setembro de 2010

Regiões - Chianti - Os Vinhos do Galo Negro

Os Vinhos do Galo Negro é o tema da nossa próxima degustação, vamos apreciar vinhos Chianti. Mas primeiro vamos conhecer melhor a história e características dos vinhos e da região.
http://www.abs-sp.com.br/imagens/pixel.gif


Chianti é um vinho tinto italiano produzido na região da Toscana.

A  região do Chianti, tão rica em história, cultura e tradição, está localizada na parte central da Itália, nas proximidades das cidades históricas de Florença e Siena ( reza a lenda, que tiveram seus limites territoriais demarcados pela disputa entre duas aves – um gallo nero,  Florença, e um gallo bianco, Siena ). O Gallo Nero, tornou-se o símbolo do vinho que, sabidamente, é o mais famoso do mundo, o Chianti. Mesmo com raízes históricas tão antigas, foi somente  em 1716, que o Gran Duque Cosimo III, da mítica família Médici de Florença, através de decreto, fez dessa região, a primeira área  vinícola geograficamente demarcada ( a segunda, foi a do Vinho do Porto,  em 1756, pelo Marquês de Pombal), em todo o mundo. A partir de então, somente era Chianti, o vinho produzido na região.

Os vinhedos de Chianti estão espalhados por toda a região, sendo que em 1932 foram definidas por lei sete zonas produtoras, dentro da apelação. São elas: Chianti Clássico, Colli Aretini, Colli Fiorentini, Colli Senesi, Colline Pisane, Montalbano e Rufina. Mesmo com a introdução das normas de DOC ( Denominazione di Origine Controlata) e DOCG (Denominazione di Origine Controlata e Garantita), estas subdivisões permaneceram inalteradas. A região de Chianti Clássico é a original (apenas foi um pouco aumentada), ficando situada na região montanhosa entre Florença e Sienna, produzindo os melhores vinhos de Chianti. Dos subdistritos, Rufina e Colli Fiorentini podem produzir vinhos no estilo dos Chianti Clássico. Os demais produzem vinhos mais leves, para consumo imediato e descompromissado.
Tendo como limites os Montes Apeninos ao Norte e a Leste, os vinhedos estão geralmente plantados nas encostas das montanhas, visando uma melhor drenagem do terreno e uma melhor exposição das uvas ao sol. O plantio em regiões mais elevadas (até 550m de altitude) visa atenuar os efeitos do calor, aumentando o período de amadurecimento das uvas e conseqüentemente seu teor de acidez.





Os solos são muito complexos, com predomínio de calcáreo, argila e pedregulhos. Há ainda um solo rochoso, de caráter xistoso, conhecido na região como galestro, que recobre o solo dos melhores vinhedos.

A uva Sangiovese é de longe a varietal mais importante na região de Chianti, sendo encontrada na sua forma Sangivese Piccolo. Na sua melhor expressão, a Sangivese produz vinhos de corpo médio a encorpado, secos, levemente picantes, bastante ácidos, com aromas e sabores de cerejas adocicadas e com leve toque amargo, especiarias e ervas.

É importante salientar que por ser a região de Chianti muito extensa, há uma enorme variedade de condições de crescimento das uvas, levando conseqüentemente a grandes diferenças de qualidade entre os diversos vinhos produzidos. Historicamente, nesta região a Sangiovese sempre produziu vinhos jovens, ligeiramente ásperos,com frutas ácidas e refrescantes, para serem consumidos jovens nos bares e "trattorias" de Florença e arredores, servidos nos tradicionais "fiasci" cobertos com palha.

Este é o vinho que o Barão Ricasoli tinha em mente quando virtualmente inventou o Chianti moderno há quase 100 anos, um vinho para ser consumido no máximo em um ano ou dois após a colheita. Mas, alguns produtores tinham grandes idéias para o Chianti e começaram a amadurecer os vinhos em enormes e antigos barris de madeira.

Isoladamente, este procedimento não seria suficiente para aniquilar todos os vinhos, mas combinado com as pouco ortodoxas leis que permitiam a mistura de até 30% da pouco expressiva uva branca Trebbiano, além de outras uvas tintas como a Canaiolo e às vezes a Mamolo e enorme produção da Sangiovese (sem qualquer controle), freqüentemente resultava num vinho magro, de cor laranja, com pouca fruta e nenhum prazer.

Com o advento das novas leis de DOCG, a uva Trebbiano teve inicialmente sua participação reduzida para 2% a 5%, sendo atualmente proibida nos Chianti Riserva, permitindo-se além disso a adição de até 10% de outras uvas tintas. Além disto, a produção de Sangiovese passou a ser rigorosamente controlada, diminuindo-se sensivelmente a quantidade de uva em cada safra, sendo instituído um criterioso sistema de escolha dos melhores clones, adequados ao local de plantio.

Assim hoje, quase todos os melhores exemplares de Chianti são cortes de Sangiovese com Cabernet Sauvignon, Merlot ou Syrah, ou então são feitos somente com Sangiovese (às vezes com muito pouco Canaiolo). Não há dúvida que os produtores destes vinhos, com o uso freqüente de pequenos barris de carvalho, conseguem que estes percam menos a fruta e tenham um processo de oxidação muito mais lento, estando um pouco fora do padrão histórico da região, mas pelo menos demonstram que existem plenas condições para a produção de vinhos de categoria internacional.

Os melhores produtores da região do Chianti Clássico são: Antinori, Badia a Coltibuono, Castello dei Rampola, Castello di Ama, Castelo di San Polo in Rosso, Felsina Berardenga, Fontodi, Isole e Olena, Querciabella, Riecine e San Giusto a Rentennano.


Fontes:
(Adaptado de Oz Clarke's New Essential Wine Book, Oz Clarke's Wine Atlas, Hugh Johnson's Pocket Wine Book, Oz Clarke's Wine Advisor 1997, Tom Stevenson's Sotheby's World Wine Encyclopedia e Jancis Robinson's The Oxford Companion to Wine, especialmente para a ABS São Paulo) © 1998 Por Arthur Piccolomini de Azeved


3 comentários:

  1. Excelente Leo ! A foto da região de Chianti é
    maravilhosa - melhor do que ela só os vinhos !
    Estamos aguardando ansiosamente o dia da degusta
    ção.

    ResponderExcluir
  2. Chegou o grande dia!! Teremos 3 vinhos da região Chianti Clássico e 1 vinho da região Colli Fiorentini. Tentarei identificar se existe alguma diferença saliente entre as duas regiões degustando os vinhos, mesmo sabendo que essas regiões produzem vinhos semelhantes. Como o Léo escreveu acima, em virtude dessa região ser muito extensa, encontrando-se vinhos de diferentes níveis de qualidade, espero que a escolha tenha sido boa (como sempre é) e que podemos ter uma noite agradável.
    Teremos a presença do Fábio Pletz do Restaurante Chez Raymund que é o melhor restaurante de Itajaí e região, que preparará o Filet a Boite, um dos principais pratos do restaurante.
    Espero que todos apreciem.

    ResponderExcluir